domingo, 23 de abril de 2017

O fato eu conto como foi! ( 1 ) INICIALIZAÇÃO!

Inicialização! 


Queridos leitores, a partir de hoje, nem sempre com a frequência necessária, estarei contando casos e causos da política alagoana, aonde eu presenciei ou fui protagonista também. A bem da verdade será um pouco da minha própria história e a de tantos outros camaradas e companheiros, a maioria ainda por aí, tentando construir um novo mundo, um novo recomeço.

Estarei também neste período, escrevendo e dando meus palpites sobre a situação atual de Alagoas, no Brasil e no mundo, é muita ousadia de minha parte, mas vamos tentar expressar opiniões que vem de dentro, da mais profunda paixão em querer transformar tudo que aí está sem medir esforços e sacrifícios pessoais!

Bom, filho de família de classe média, cristã, católica, nasci em Maceió, mas fui criado em Penedo, cidade histórica e belíssima do interior alagoano. Quando eu tinha nove anos, meu pai foi trabalhar em Arapiraca, lá pelos anos 1973, fomos morar na Rua do Estudante. Fomos morar numa casa quase de esquina, vizinho ao temido colégio” Instituto São Luís”.

Era uma casa antiga, com aqueles corredores compridos e sem forro, quer dizer, choveu era um deus nos acuda. Era uma casa alugada, enquanto meu pai tentava vender a casa de Penedo, que era uma casa grande, com vários quartos, salas enorme, um jardim com pinheiros, um quintal amplo, aonde fazíamos dele um lugar de brincadeiras, além do campo, com gramado e tudo mais, só faltava arquibancada!

Em 1974 nos mudamos para eterna Rua Monsenhor Macedo, era uma casa grande, com três salas enormes, quatro quartos, o mais importante que nós iriamos ver com o tempo, uma vizinhança arretada demais.

O único problema daquela casa, número 165, bem no centro da cidade, era não ter um quintal grande, pelo contrário, era bem apertadinho, embora tivesse uma dependência atrás.

Praticamente foi ali, dos dez anos até os 16 /17 anos que passei um dos melhores momentos da vida, sem muitas preocupações, era uma combinação bem estar, amizades e os primeiros amores e beijos.

Jogar bola na rua, ou dentro da igreja Presbiteriana (essa foi boa), jogar no colégio Quintela Cavalcante, ou no Tibúrcio Valeriano, aos sábados à tarde, era a rua e seus jovens em grande movimento esportivo, fundamos até um time, o Caveirinha Futebol Clube, tinha esse nome porque foi montado pelo seu “Lula”, o dono da funerária que tinha na rua!

Quantos personagens tinham numa rua só, era uma rua completa, do intelectual ao cara que consertava rádio, do cara que bebia demais, ao professor zeloso de Educação Física, das sempre fofoqueiras da rua, era uma grandeza!

Nós jovens éramos divididos claro pela faixa etária, os mais velhos, tipo três ou quatro anos mais, era uma turma, nós, da minha faixa, ali beirando os onze ou doze anos era outra turma, mas que convergiam todos, geralmente no cair da noite, no batente da Igreja Presbiteriana, era ali o nosso “senadinho”, não escapava um das nossas línguas ferinas!

Entre festinhas, que em Arapiraca dávamos o nome de “assustado”, entre paqueras na Praça Marques, matinê no Trianon nas segundas, e namoradinhas a vida foi passando mais a política ainda passava muito longe do nosso imaginário.

Sim, ia me esquecendo, uma coisa que mexeu muito em Arapiraca, com aquela geração foi o retorno do ASA ao campeonato estadual, com campo novo, gramado e com refletores, era a glória, não havia um domingo ou uma quarta feira que não fôssemos ao “Colosso Fumeirão”! E olha, nem precisava ser torcedor do ASA, bastava gostar de futebol. Eu como CRB, fui muitas vezes ao estádio, torcer pelo alvinegro, principalmente contra o CSA.

Mas como escrevi um pouco acima, política era coisa pouco falada por nós, lembro que uma vez, em 1981, numa daquelas matinês, um dos nossos amigos ali de colégio, um pouco mais antenado com o mundo, comentou sobre o atentado do Riocentro, a direita explodiu-se literalmente com uma bomba nas mãos dentro de um carro. A bomba era para ser colocada dentro do Riocentro, onde estava acontecendo um show de Chico Buarque, Milton Nascimento, Simone e outros grandes músicos da MPB, em homenagem ao dia do trabalhador.

Lembrar aos mais jovens, que em 1981 ainda vivíamos a ditadura militar fascista, instaurada em nosso país em 1964. Ela estava começando a cair, mais ainda havia tentáculos importantes em sua condução, que não queria a abertura política, ai começou a colocar bombas em bancas de revistas, sedes da OAB, inclusive matando uma secretária, eram ataques terroristas da direita mais radical, juntamente com os militares linha dura, que não queriam perder espaços dentro do regime ditatorial.

Então, esse colega, Henrique Borges, um pouco mais novo, acho que um ano, comentava com a gente, sobre aquele episódio, mas era uma coisa muito distante, em Arapiraca, apesar do trabalho com a Tribuna da Luta Operária, jornal de agitação de massas do PC do B, partido proscrito e clandestino, que era feito pelo Luciano Barbosa (atual Vice-governador e Secretário de Educação) e Eures Tadeu, principalmente na feira, mas não chegava a nós, principalmente dentro do Colégio Bom Conselho aonde eu estudei a maior parte da minha vida em Arapiraca.

Em 1979, em pleno processo de abertura política, meu irmão Fernando Mota, mais politizado do que eu, já tinha se envolvido mais politicamente, apoiara a candidatura do MDB a prefeitura de Arapiraca em 1976, quando João Nascimento vai ganhar as eleições do partido da ditadura, a Arena, com dois candidatos a prefeito, o casuísmo político da época é que os dois candidatos da Arena, somados os votos dos dois, podia vencer o João Nascimento do MDB.

Pois então, meu irmão me fala de uma música de Geraldo Vandré, lembro bem, era um cair de tarde, nós dois ouvindo a Rádio Globo do Rio, esperando um programa de esportes que começava às 18 horas, antes tocou a música “Pra não dizer que não falei de flores” ou “Caminhando”. Ele me contou que essa música fora banida de todos os lugares, em rádios ou TV era proibido veicular, eu contava com 15 anos, começava ali a despertar para a ideia de novas concepções!

Continua...



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